Quanto tempo você consegue ficar sem internet? Para quem está acostumado a acessá-la diariamente, é difícil imaginar um longo período de tempo sem bate-papos, sites de notícias ou jogos em rede. Mas pare para refletir por um instante: desde a invenção dos computadores, passaram-se décadas sem esses recursos tão simples e essenciais dos quais desfrutamos atualmente.
Essa complexa rede foi evoluindo a partir de diferentes necessidades, como a comunicação instantânea e até o medo da guerra. Foram avanços inicialmente simples e isolados, que foram combinados para melhorar a qualidade e quantidade de dados transmitidos até chegar ao eficiente sistema de conexões que utilizamos hoje.
O Tecmundo preparou um especial sobre o início da trajetória da rede mundial de computadores, agrupando os principais fatos e invenções da criação de nossa querida internet.
Pré-1960
Por séculos, a troca de informações acontecia de pessoa a pessoa ou por documentos em papel. Um grande aliado nessa comunicação foi a criação do telégrafo, um sistema de transmissão de mensagens através de dois pontos graças a ondas de rádio ou fios elétricos.
A primeira mensagem foi transmitida pelo aparelho em 1844, entre as cidades norte-americanas de Baltimore e Washington. A partir dele, o tempo gasto entre a comunicação tornou-se muito menor, mas ainda apresentava falhas. Para a época, entretanto, já era mais do que o suficiente para conectar diferentes regiões.
Outra criação indiretamente relacionada com a rede é a do sistema binário. A codificação de letras do alfabeto em sequências de dígitos binários foi devidamente aperfeiçoada pelo filósofo inglês Francis Bacon, em 1605. Segundo ele, qualquer objeto poderia sofrer codificações. Cerca de meio século depois, o filósofo alemão Gottfried Leibniz criou o sistema binário como o conhecemos hoje, a partir de numerais.
Mas o que isso tem a ver com a rede? É a partir de códigos construídos por esse sistema binário (padronizado com os numerais 0 e 1) que os computadores realizam o processamento de dados, sendo que cada bit corresponde a um dígito dessas sequências. Sem eles, não seria possível nem sequer realizar a leitura dessas informações.
Além disso, não se pode falar do início da internet sem abordar o primeiro computador digital eletrônico, criado em 1946 por cientistas norte-americanos. O ENIAC (Electrical Numerical Integrator and Computer) era uma imensa máquina de realizar cálculos (pesava 30 toneladas e ocupava 180 m²) e pouco tinha de armazenador ou transmissor de dados, funções posteriormente adquiridas pelo computador.
A década de 1960
Melhoras na transmissão
Em 1961, a transmissão de dados ganhou um poderoso conceito: pesquisadores como Vinton Cerf e Robert Kahn iniciam o planejamento do sistema de pacotes, que consiste em repassar dados através da quebra da mensagem em vários blocos, enviados juntamente com as informações necessárias para utilizá-los em conjunto novamente.
Além de aumentar a velocidade da conexão, o sistema torna possível utilizar um mesmo canal para mensagens com destinos diferentes, algo impossível quando os canais eram circuitos reservados. O sucesso da empreitada é comprovado pela utilização desse modo de transmissão até os dias de hoje.
Outro registro importante é a instalação dos nós, os pontos de intersecção de informações, que servem como uma ponte entre máquinas que se comunicam entre si. A partir desses pontos de segurança, a informação não corria riscos de se perder durante o trajeto por falhas no sinal, por exemplo. O primeiro nó foi instalado na Universidade de Los Angeles, em agosto de 1969.
Filha da guerra
A década de 1960 foi um dos períodos mais conturbados da História. A tensão criada pela Guerra Fria, o conflito ideológico entre Estados Unidos e União Soviética, atingia seu ápice. Nenhum confronto bélico entre ambos ocorreu de verdade, entretanto, a maior arma era provocar medo no inimigo.
Desse modo, qualquer triunfo era visto como um passo à frente na disputa pela dominação mundial. A União Soviética, por exemplo, saiu na frente na corrida espacial: lançou em 1957 o primeiro satélite artificial, o Sputnik. Quatro anos depois, Yuri Gagarin era o primeiro ser humano a fazer uma viagem espacial.
Os Estados Unidos buscaram outra estratégia, principalmente através da ARPA (Advanced Research Project Agency, ou Agência de Pesquisas em Projetos Avançados, em tradução literal), um órgão científico e militar criado em 1957 que cuidava dos avanços tecnológicos da potência ocidental e, posteriormente, da primeira rede.
Um dos pioneiros do conceito hoje conhecido por internet foi J.C.R. Licklider, do Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT). Foi ele o responsável, em 1962, por difundir a ideia da “rede galáctica”, um conceito ainda abstrato de um sistema que concentraria todos os computadores do planeta em uma única forma de compartilhamento. Com o passar dos anos, essa ambiciosa ideia começou a tomar forma.
A rede da ARPA
É aí que o medo entra novamente na história: temendo um combate em seu território que acabasse com a comunicação e com todo o trabalho desenvolvido até então, cientistas norte-americanos colocam o plano de Licklider em prática com a ARPANET, uma rede de armazenamento de dados que inicialmente conectou algumas universidades e centros de pesquisa: as sedes da Universidade da Califórnia em Los Angeles e Santa Barbara; o Instituto de Pesquisa de Stanford e a Universidade de Utah.
Desse modo, tudo ficaria armazenado virtualmente, sem correr o risco de sofrer danos materiais. Além disso, pouco tempo seria perdido na troca de dados. Em outubro de 1969, a ARPANET teve seu primeiro sucesso ao transmitir uma mensagem através de sua rede, da Universidade de Los Angeles até o instituto em Stanford, em uma distância de quase 650 quilômetros.
Ao mesmo tempo, entretanto, essa tentativa resultou em fracasso: o conteúdo transmitido – a palavra “login” – chegou incompleto ao receptor, pois o sistema caiu antes da recepção da terceira letra do termo enviado.
A década de 1970
Se a década de 1960 serviu para estabilizar as bases da internet, os dez anos seguintes foram para a criação de conceitos básicos da rede.
A década dos primeiros
O primeiro invento que vale ser destacado é o da própria palavra que dá nome à rede. Em meados de 1971, Vinton Cerf e sua equipe de cientistas (reconhecidos como “os pais da internet”) tentavam conectar três redes diferentes em um processo descrito em inglês como interneting. O termo foi abreviado e, aos poucos, imortalizado como sinônimo de toda a rede.
Além disso, surgiram também os emoticons, uma forma de facilitar a expressão de sentimentos nas mensagens virtuais. Em 1979, Kevin MacKenzie utilizou um símbolo para descrever uma ironia em uma mensagem, dando início a uma vasta lista de rostos criados por acentos e outras formas. Já os famosos :-) e :-( surgiram apenas em 1982, em um email do cientista Scott Fahlman.
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